domingo, 17 de abril de 2011

Minimamente feliz

Os amigos são especiais mesmo... E o texto que recebi de uma amigona é a prova disso!!!


 A felicidade é mesmo um estado mágico e duradouro?
Por Leila Ferreira


 A felicidade é a soma das pequenas felicidades. Li essa frase num outdoor em Paris e soube, naquele momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar.
Eu já suspeitava que a felicidade com letras maiúsculas não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida. Afinal, desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo. Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente colocado no meio do meu caminho (que de certa forma coincidia com o meio da minha trajetória de vida), tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro.

Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas. Um pôr-de-sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café recém-coado, um livro que a gente não consegue fechar, um homem que nos faz sonhar, uma amiga que nos faz rir.
São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias. 'Eu contabilizo tudo de bom que me aparece', diz Fabiana, também adepta da felicidade homeopática. 'Se o zíper daquele vestido que eu adoro volta a fechar (ufa!) ou se pego um congestionamento muito menor do que eu esperava, tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo.

Elis conta que cresceu esperando a felicidade com maiúsculas e na primeira pessoa do plural: 'Eu me imaginava sempre com um homem lindo do lado, dizendo que me amava e me levando pra lugares mágicos. Agora, viajando com frequência por causa de seu trabalho, ela descobriu que dá pra ser feliz no singular: 'Quando estou na estrada dirigindo e ouvindo as músicas que eu amo, é um momento de pura felicidade. Olho a paisagem, canto, sinto um bem-estar indescritível'.

Uma empresária que conheci recentemente me contou que estava falando e rindo sozinha quando o marido chegou em casa. Assustado, ele perguntou com quem ela estava conversando: 'Comigo mesma', respondeu. 'Adoro conversar com pessoas inteligentes' Criada para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes, a empresária trocou os roteiros fantasiosos por prazeres mais simples e aprendeu duas lições básicas: que podemos viver momentos ótimos mesmo não  estando acompanhadas e que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.
Esperar para ser feliz, aliás, é um esporte que abandonei há tempos. E faz parte da minha 'dieta de felicidade' o uso moderadíssimo da palavra 'quando'. Aquela história de 'quando eu ganhar na Mega Sena', 'quando eu me casar', 'quando tiver filhos', 'quando meus filhos crescerem', 'quando eu tiver um emprego fabuloso' ou 'quando encontrar um homem que me mereça', tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje.
Esperar o príncipe  encantado, por exemplo, tem coisa mais sem sentido? Mesmo porque quase sempre os súditos são mais interessantes do que os príncipes; ou você acha que a Camilla Parker-Bowles está mais bem servida do que a Victoria Beckham?

Como tantos já disseram tantas vezes, aproveitem o momento, amigos. E quem for ruim de contas recorra à calculadora para ir somando as pequenas felicidades. Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para os nossos tempos. Que digam. Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente em compasso de espera.

sábado, 16 de abril de 2011

Será?

Confesso que a insegurança e  o medo, me acompanham em vários momentos. Em relação a várias situações: se a decisão de cair fora de uma relação corroída pelo desrespeito, orgulho e mágoas foi a mais acertada; se eu vou saber identificar um novo amor quando ele aparecer;  quais serão os afetos verdadeiros;  estar tão carente ao ponto de não perceber o perigo de uma entrega equivocada e que poderá trazer sérias marcas...
O que é certo ou errado? Quem inventou isso? E isso faz sentido?
A minha terapeuta me questionou sobre uma situação que eu coloquei para ela e eu fiquei chocada quando ela perguntou: qual é o problema se isso acontecer...?
Agora eu entendo o porquê da pergunta e o porquê do meu choque: uma coisa é quando a gente não quer entrar numa situação e tem clareza das razões e outra coisa é quando decidimos que não vamos entrar na situação porque é errado, mas no fundo estamos querendo.
Isso não significa que quando ela me fez a tal pergunta ela estivesse me estimulando a fazer alguma coisa, mas sim estava querendo que eu pensasse o que estava dentro de mim.
E eu pensei... e continuo pensando...
Sinto-me como se estivesse sido atirada em uma selva, com perigos, belezas, vida, mistérios.
Quero ser corajosa o suficiente para enfrentar os perigos, desvendar os mistérios e não deixar de admirar a beleza da vida.
Sei que estou me protegendo de mim mesma, pois parece que se eu baixar a guarda não vou ser capaz de segurar toda a energia represada por tanto tempo. Isso me dá medo...
E, quando eu estiver pronta e você aparecer na minha vida, que não sejamos escravos um do outro, nem egoístas a ponto de não nos amarmos com respeito, que não criemos monstros que nos impedirão nos ver, que não coloquemos amarras um no outro, que possamos ser como um casal de águias livres e, que se decidirmos adormecer juntos, que seja pelo amor e jamais pelo compromisso, pois compromissos se desfazem, mas amores são eternos.
Mas se você aparecer e eu ainda não estiver pronta, que possamos ser corajosos o suficiente para sermos felizes, para não termos que responder pelos nossos erros, eu e você.
Renato Russo falou sobre isso:
Tire suas mãos de mim!
Eu não pertenço a você.
Não é me dominando assim
Que você vai me entender.
Eu posso estar sozinho,
Mas eu sei muito bem aonde estou.
Você pode até duvidar.
Acho que isso não é amor.
Será só imaginação?
Será que nada vai acontecer?
Será que é tudo isso em vão?
Será que vamos conseguir vencer?
Nos perderemos entre monstros
Da nossa própria criação.
Serão noites inteiras,
Talvez por medo da escuridão.
Ficaremos acordados
Imaginando alguma solução.
Prá que esse nosso egoísmo?
Não destrua nosso coração.
Será só imaginação?
Será que nada vai acontecer?
Será que é tudo isso em vão?
Será que vamos conseguir vencer?
Brigar prá quê se é sem querer?
Quem é que vai nos proteger?
Será que vamos ter que responder
Pelos erros a mais, eu e você?
Será?

sábado, 9 de abril de 2011

O que torna um dia especial?

O fato de ser o dia em que a gente nasce por si só não é suficiente para fazer com que esse dia seja um dia especial...
Acordar às 5h 30 e ver o sol nascendo atrás do morro e poder agradecer o fato de estar viva, com saúde e com um baita desejo de ser feliz, faz a diferença.
O carinho dos meus filhos, que começou quando eu acordei em que me deram um chinelo rosa fofinho, com plumas escrito: Angel. Depois no almoço especial, em que procuramos conciliar o horário profissional de nós três, em que recebi uma almofada em forma de abraço e uma fronha que falava de todas as qualidades que eles percebem que eu tenho...
A mãe da gente, apropriada das ferramentas de tecnologia, que desde cedo manda mensagens virtuais de parabéns, e acima de tudo compreende que você não pode responder, pois está atucanada no trabalho...
Receber o abraço carinhoso de pessoas que você não esperava que se lembrassem desse dia...
Aqueles mais próximos da gente, que sentimos a energia verdadeira do desejo de felicidade, sucesso e amor, que nos renovam...
Os mais tímidos, que chegam perto, não sabem bem se abraçam, e não conseguem olhar muito no olho da gente, são especiais...
Os alunos, que quando você entra na sala de aula gritam o seu nome e batem palmas, nos fazem ter vontade de sair dançando e dando um abraço apertado em cada um..
Os parabéns daqueles que olham no fundo do seu olho, desejando tudo de bom, mas querendo dizer outras coisas... Há... esses não tem preço...
O jantar com as amigas, em que uma delas lhe dá de presente um conjuntinho tigrado de calcinha e sutiã, em que uma pede para que você tire do pacote para olhar em pleno restaurante e a outra encabulada diz que acha melhor guardar de volta na embalagem, traz bom humor ao seu dia...
Poderia falar de tantas situações que aconteceram nesse dia especial que encheram o meu coração de alegria...
Realmente tenho me sentido um anjo, conforme estava escrito no chinelo que ganhei dos meus amores. Não um anjo de perfeição, mas um anjo, que como uma águia faminta,que tem batido as suas asas para alçar vôos corajosos e talvez ousados, para em equilíbrio com a sua natureza interior, buscar a paz e o amor.
E aqui, falo do amor que faz com que eu me respeite, compreenda os meus defeitos e valorize as minhas qualidades. Do amor que me faz estar apaixonada por mim. E quando estamos apaixonadas, o mundo fica diferente, temos uma energia extra para todos os desafios, temos mais esperança.
Em todos esses momentos, agradeço a  Deus, energia suprema, que pela nossa limitação, não temos a verdadeira noção do quanto nos ampara, orienta e protege.
E acima de tudo, me dei conta de que, mesmo não sendo o dia do aniversário, a gente pode curtir o sol nascendo atrás do morro, receber abraços, olhares, palavras amigas, rimos junto com os amigos, amarmos os nossos filhos, rezarmos e agradecermos...
Por isso todos os dias da nossa vida são especiais!!!

domingo, 3 de abril de 2011

O primeiro baile

Sempre fui uma pessoa mais diurna. Minha energia criadora está plena pela manhã, minhas produções escritas são construídas com mais qualidade pela manhã, enfim estou com todo o pique na primeira parte do dia.
Logo, não sou de badalações, saídas noturnas e jantares que se estendem até altas horas. Não é por acaso que me identifico com a águia, além das razões que já coloquei, ela se recolhe cedo para seu ninho, para no alvorecer fazer os primeiros vôos do dia.
Isto significa um problema na minha atual situação. Separada, trabalhando mais de 12 horas por dia, a noite seria uma oportunidade de conhecer pessoas e sair com amigas. Mas não tenho o instinto da coruja...
Mas a gente acaba fazendo algumas adaptações...
Resolvi iniciar um curso de dança de salão, atividade que há muito tempo eu queria investir. Vencida a preocupação de estar ímpar, me matriculei. Entre algumas descobertas que estou fazendo, a principal é que sou completamente descoordenada.
Nos jantares dançantes do tempo de casada eu achava que era uma excelente dançarina, mas como a dança era “cada um fazendo o que pode”, eu achava que estava podendo muito.
Descobri que, em se tratando de dança estruturada, com passos organizados envolvendo algumas voltas e giros... sou um completo desastre.
Para completar, como só consigo fazer a aula na noite de sexta-feira, além de estar no final da semana, que geralmente é exaustiva, é à noite. Resumindo: na manhã de sábado já não me lembro dos passos trabalhados na noite anterior.
Mesmo com todos esses desafios, resolvi ir no 1º Baile da Escola, que marca o início das aulas do ano. Fui com a minha filha, pois o objetivo era dançar, exercitar o pouco do que eu achava que lembrava das aulas.
Depois de uma pequena produção no visual, saímos. Confesso que no caminho estava um pouco preocupada, mas ainda não identificando exatamente com o quê.
Quando chegamos, sentamos e começamos a olhar os casais dançando. Imediatamente percebi o que estava me angustiando. E não tinha a ver com o fato de a maioria estar de parzinho, mas sim com o pavor que me deu quando ficou claro que eu não tinha as mínimas condições de dançar com ninguém. Os pares rodopiavam no salão entre voltas, levanta de pernas, giros, passos sincronizados, algo dolorosamente belo.
Quando o meu professor me tirou para dançar, me deu um branco absurdo, pisei nos pés dele, a coisa foi horrível. A minha filha também dançou com o professor e voltou decepcionada: mãe não sabemos dançar “isso”.
Eu comecei a ficar tomada por uma sensação de pavor, pois haviam poucas pessoas no dito baile, e tudo o que a gente errava quando ia dançar, todo mundo via. Embora eu só tenha dançado duas vezes.
Resultado: depois de mais ou menos 50 minutos, saímos à francesa, sem olhar para trás.
Rimos bastante... Não vou desistir das aulas, mas não pretendo aparecer mais nos bailes mensais, pelo menos depois de conseguir passar para o nível 2, situação que eu acredito que vai demorar bastante para acontecer.

sábado, 2 de abril de 2011

O casamento

Depois de três anos e meio de um namoro apaixonado e cheio de conflitos aconteceu o casamento.
Por ele ser militar a cerimônia foi especialmente bela, eu me senti uma princesa casando com um príncipe com seus súditos fardados fazendo o teto de aço.
Lembro da minha falecida sogra (falecida mesmo), chorando copiosamente numa cena digna de um enterro, tendo o padre a certa altura parado o casamento para perguntar se estava tudo bem... Ela estava de luto. Eu estava levando embora o seu querido e amado filho.
Talvez fosse por isso que ela sempre me olhou como se eu fosse uma megera ladra de filhos queridos da mamãe...
Casar com aquele príncipe era tudo o que eu queria, acordar junto, comer junto, olhar televisão antes de dormir, fazer amor sem ter que ir a um motel, e por aí vai... Eu queria cuidar dele. Só não me lembrei quem iria cuidar de mim... Mas isso aquela altura era um detalhe.
Naquela hora em que o padre fala das promessas de fidelidade, amor na doença e na saúde e todo aquele discurso, eu chorei... Foi uma sensação estranha, pois não consigo precisar se foi de alegria ou de medo...  acho que foi de medo.
Casados, indo fazer a vida no interior. E... Solidão...
Foi isso que eu comecei a sentir. Mas sou uma pessoa que não me dou por vencida. Algo tinha de errado: eu estava apaixonada, recém-casada e solitária? Como assim?
Mas era... Estava só...
Sempre fui de buscar soluções. Primeiro transferi o meu curso para a faculdade de lá, depois comprei um cocker spaniel que quase destruiu todas as coisas da minha nova casa... e, depois de um mês de casada, estava esperando a minha querida filha...
Foi uma decisão minha, ele não teve opção.
 Bem, isso faz parte de alguns dos nossos segredos de mulher, temos o poder de gerar uma nova vida, seja dentro ou fora de nós...
Estava me tornando uma águia-mãe... Que feliz!!!

As conversas/recados

Em uma separação há algumas situações que são especialmente mais difíceis de resolver.
Uma deles é o jogo que o ex teima em fazer com os filhos. Não sei se é mais difícil quando os filhos são pequenos ou quando eles já estão adultos (ou pelo menos com mais de 20 anos já eram para estar).
Conversas /recados com os filhos sobre mágoas, injustiças, dinheiro ou saudade de mim são especialmente inconvenientes. E o pior é que sempre temos um dos filhos mais fragilizado, que se rende a esse jogo cruel.
Confesso que mesmo fazendo terapia, tenho algumas dificuldades em saber como agir. Não sei se escuto, pois percebo a angústia da minha filha ao se compadecer com o suposto sofrimento do pai, o que acaba por me contaminar e me faz muito mal, ou se simplesmente, estabeleço que não quero mais ouvir.
Independente da atitude mais adequada a tomar não tem como não pensar a respeito.
Acredito que ele deve ter saudades, coisa que comigo não acontece, pois na minha opinião, saudade a gente só sente do que foi bom e, nesse caso, há muito tempo as coisas não estavam dando certo...
Mentalmente já imaginei alguns recados para mandar, já que não nos falamos desde a sua saída de casa.  
Dentre alguns recados que eu mandaria seria para que ele lembrasse dos meus defeitos que tantas vezes foram atirados na minha cara. Tenho certeza, que num instantinho a saudade se desintegraria...
Mas o que na verdade eu diria é que  não voltaria a me recasar com ele, (fiz isso no mínimo uma sete vezes ao longo dos 27 anos em que estivemos juntos), não pelos seus defeitos, mas sim  pela pessoa que eu me torno quando estamos juntos, em que as qualidades ficam sufocadas num coração esmagado pela tristeza.
É isso...

Os cinco prazeres

Esses dias um amigo pediu para que eu lhe dissesse cinco coisas que eu considero prazerosas para mim.
Confesso que essa pergunta me pegou um tanto desprevenida... eu nunca havia parado para pensar nisso...
Prazeres... o que são exatamente prazeres? Para mim são situações que nos deixam felizes. E aqui quero dizer que felicidade não é o mesmo que euforia. Felicidade é equilíbrio, serenidade e uma gostosa sensação de bem estar.
Naquele momento pensei rapidamente para responder: o nascer do sol, um bom papo, comédia romântica (pois além do romance, tem o bom humor que é essencial para a nossa saúde), rir com meus filhos quando lembramos as situações engraçadas e, beijar na boca... que apesar do turbilhão hormonal, traz uma gostosa sensação felicidade.
O nascer do sol, não está necessariamente no topo da lista, mas tem para mim um encantamento especial.
Tem a ver com uma nova chance, com recomeço, traz uma energia de renovação e muita esperança de que o novo dia que aponta no horizonte seja muito bom.
E recomeçar é uma abençoada sensação que eu tenho me agarrado nestes últimos meses, nos momentos de solidão, de dúvidas e de inseguranças, quando penso sobre o que me espera mais adiante...
Ontem quando eu atravessava a cidade para ir trabalhar, um pouco antes das 7 da manhã, à minha frente eu vislumbrava um nascer do sol com toda a sua beleza, mas pelo retrovisor eu podia ver o céu carregado trazendo um temporal que estava se aproximando. Decidi não mais olhar para trás, pois para mim aquele dia que estava nascendo, seria um abençoado dia do sol, mesmo que chovesse, ventasse ou até esfriasse.
E assim estou tocando a minha vida, como uma águia atenta, sem se deixar ofuscar pelo brilho do novo amanhecer, absorvendo as energias do sol e testando o equilíbrio das asas nos primeiros vôos depois após a  transformação.