segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A coragem

Na minha penúltima publicação  falei da minha falta de coragem para experimentar...
A questão é que eu não sou uma pessoa sem coragem, portanto é claro que experimentei!
Dei uma chance para o acaso, que me apresentou a uma pessoa muito especial, uma pessoa dotada de valores pessoais verdadeiros, de uma pureza de sentimentos que chega a me assustar e, acima de tudo, com uma autenticidade que chega a incomodar.
Mesmo com uma leitura de mundo restrita, pois desde que chegou a capital, só trabalha e os momentos de lazer se restringem a pequenas voltas pelas redondezas, é uma pessoa que me encanta.
Fico me perguntando como alguém assim surgiu em minha vida e o que devo aprender com tudo o que está acontecendo.
Longe de ser uma pessoa perfeita, pois a essa altura da minha vida, não tenho mais uma visão romântica dos homens a ponto de vê-los como príncipes, até porque o príncipe da minha vida já se apresentou há trinta anos e eu levei mais de vinte anos para percebê-lo como um simples mortal (não seria adequado  dizer que acabou se transformando num sapo boi).
É alguém que tem um quê de maturidade surpreendente quando, mesmo com palavras simples e diretas, fala do otimismo, da importância de sermos felizes e do quanto precisamos acreditar em nós mesmos.
Alguém com uma doce bondade a ponto de ir a um mercado  comprar bolachas recheadas para crianças que estão na rua.
Alguém que passa por uma favela e diz com um suspiro profundo: que triste isso...
Alguém que ao olhar para a imensidão do mar diz que jamais vai esquecer daquele momento, me olha e diz: muito obrigado por isso...
Somos de realidades completamente diferentes, sem falar do abismo do número de anos que nos separam. Isso mesmo, um abismo cronológico. Isso me assusta. Faço algumas contas de cabeça e fico mais preocupada ainda.
O que se faz quando alguém te pergunta se você toparia começar do zero?
Confesso que me deu uma vontade de ir até a janela e começar a gritar.
Por que isso não aconteceu há 30 anos atrás?
Fico pensando que a essa altura não é mais possível começar do zero. Um dia foi possível, quando eu tinha 20 anos! Hoje não é mais possível...
A águia já passou pelo processo de transformação, está na segunda metade da sua vida, não é possível zerar esse processo, pois essas transformações foram os alicerces para o hoje.
Quero apenas e com cuidado viver um dia de cada vez, e que a cada dia possamos aprender um com o outro. Que o aprendizado traga o mínimo de dores, mas equilíbrio e crescimento para duas almas que se querem bem...