quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Louca com orgulho

Hoje pela manhã em uma conversa telefônica com minha mãe, em que trocávamos lições de vida, estratégias para lidar com problemas e frustrações, lá pelas tantas ela comentou: “Pois é, quando eu falo o que eu vejo nas pessoas e situações me chamam de louca!” Na mesma hora, eu disse: “Pois se isso é ser louca, que sejamos loucas com muito orgulho, pois ter a coragem de não aceitar o que de forma medíocre nos é apresentado, realmente é uma loucura...”

Fiquei pensando sobre isso...

Em inúmeros momentos da minha vida, ouvi me chamarem de louca pelos mais diferentes motivos.

Houve uma época em que comecei a achar que realmente havia algo de muito errado comigo e, que provavelmente, tinha a ver com a minha sanidade mental. Afinal,  muito jovem, me permiti questionar a essência da Igreja Católica e me tornei espírita, abandonei tudo para morar no interior com aquele que eu considerava meu príncipe encantado (que aliás é uma loucura você acreditar em príncipes e amores eternos e verdadeiros), decidi o momento de ter filhos, passei trinta anos acreditando que ficaria casada para sempre, fui várias e  várias vezes em terapia, acreditei em cigana, continuo em terapia, quero fazer ioga e meditação e ainda não tornei público que talvez me case com um jovem rapaz...

Realmente devo estar na categoria das loucas!

E os certinhos?

Que medo se permitir sair dos trilhos de vez em quando... E mais medo ainda em descobrir a essência emocional que carregamos! E, certamente, não menos doloroso, nos perdoarmos pelos nossos defeitos... E como temos defeitos...

Se cada um praticasse o autoconhecimento, certamente não usaria o dedo indicador para apontar no outro o que tem medo que esteja em si. Temos muitos cantos obscuros dentro de nós, que envolve a Luz e as Trevas. É preciso ter coragem para entrar nessas cavernas proibidas, para nos permitir ter um caso de amor com nós mesmos.

Eu mereço ser amada, acima de tudo, por mim mesma.

Atrevo-me a dizer que entendo um pouco Raul Seixas quando falava de um “maluco beleza”. Pena que não conseguiu ter um caso de amor com ele mesmo. Era mais certinho do que louco.

E na minha loucura desvairada, desejo sinceramente continuar construindo os passos do meu processo de coragem para perdoar a mim e aos outros, amar fraternalmente a todos que me rodeiam (no corpo e fora dele) e, principalmente, não negar as trevas que habitam o meu ser, mas iluminá-las com a luz divina da minha essência.