Hoje pela
manhã em uma conversa telefônica com minha mãe, em que trocávamos lições de
vida, estratégias para lidar com problemas e frustrações, lá pelas tantas ela
comentou: “Pois é, quando eu falo o que eu vejo nas pessoas e situações me chamam de
louca!” Na mesma hora, eu disse: “Pois se isso é ser louca, que sejamos loucas
com muito orgulho, pois ter a coragem de não aceitar o que de forma medíocre
nos é apresentado, realmente é uma loucura...”
Fiquei
pensando sobre isso...
Em
inúmeros momentos da minha vida, ouvi me chamarem de louca pelos mais
diferentes motivos.
Houve uma
época em que comecei a achar que realmente havia algo de muito errado comigo e,
que provavelmente, tinha a ver com a minha sanidade mental. Afinal, muito jovem, me permiti questionar a essência
da Igreja Católica e me tornei espírita, abandonei tudo para morar no interior
com aquele que eu considerava meu príncipe encantado (que aliás é uma loucura
você acreditar em príncipes e amores eternos e verdadeiros), decidi o momento
de ter filhos, passei trinta anos acreditando que ficaria casada para sempre, fui
várias e várias vezes em terapia,
acreditei em cigana, continuo em terapia, quero fazer ioga e meditação e ainda
não tornei público que talvez me case com um jovem rapaz...
Realmente
devo estar na categoria das loucas!
E os
certinhos?
Que medo
se permitir sair dos trilhos de vez em quando... E mais medo ainda em descobrir
a essência emocional que carregamos! E, certamente, não menos doloroso, nos
perdoarmos pelos nossos defeitos... E como temos defeitos...
Se cada
um praticasse o autoconhecimento, certamente não usaria o dedo indicador para
apontar no outro o que tem medo que esteja em si. Temos muitos cantos obscuros
dentro de nós, que envolve a Luz e as Trevas. É preciso ter coragem para entrar
nessas cavernas proibidas, para nos permitir ter um caso de amor com nós
mesmos.
Eu mereço
ser amada, acima de tudo, por mim mesma.
Atrevo-me
a dizer que entendo um pouco Raul Seixas quando falava de um “maluco beleza”.
Pena que não conseguiu ter um caso de amor com ele mesmo. Era mais certinho do
que louco.
E na
minha loucura desvairada, desejo sinceramente continuar construindo os passos
do meu processo de coragem para perdoar a mim e aos outros, amar fraternalmente
a todos que me rodeiam (no corpo e fora dele) e, principalmente, não negar as
trevas que habitam o meu ser, mas iluminá-las com a luz divina da minha
essência.