terça-feira, 2 de abril de 2013

Qual a minha idade?


Fico imaginando o que eu diria há uns dois anos atrás se soubesse que uma mulher beirando os 50 anos estava namorando um rapaz de 20 e poucos anos... Certamente, faria uma fala recheada de preconceitos e teorizações sobre todas as possibilidades do relacionamento não dar certo.

Eis que a vida para  desacomodar, nos coloca diante de situações em que precisamos reescrever todas as teorias que acreditávamos e passávamos como valores a várias pessoas que cruzavam o nosso caminho.

Falo de valores preconceituosos e que nunca paramos para questioná-los, mais ou menos como cortar a linguiça para colocar na frigideira e não saber a razão, simplesmente repetir o ensinamento dos avós, bisavós e assim por diante.

Com esse exemplo, de forma alguma quero dizer, que os ensinamentos dos mais velhos devem ser desprezados. Jamais! No entanto, devemos pensar repensar e reestruturar algumas ideias e valores que foram construídos num contexto totalmente diferente.

Os relacionamentos podem ou não dar certo, independente do sexo dos parceiros, das condições socioeconômicas, da cor, da altura, das deficiências físicas e de tantas outras características inerentes ao ser humano.

E, realmente, o que pode fazer dar certo, para a infelicidade e angústia da maioria, não é o que está fora, mas o que cada um traz dentro de si. O que aparece pode atrair num primeiro momento, mas o que faz com que as relações se solidifiquem é o respeito, a confiança, a paciência, a capacidade de perdoar e, não menos importante, o amor.

Quando eu era adolescente e muito sonhadora, imaginava um príncipe. Alguém que me amaria incondicionalmente seria belo e inteligente e que meus pais aprovassem, o que aconteceu em parte: meus pais aprovaram, era belo, bem sucedido, mas não conseguiu manter vivo o amor que eu sentia por ele...

Depois de finalizar a minha história principesca de 30 anos, não pensava mais em príncipes, mas em alguém que compartilhasse o momento de maturidade e equilíbrio que eu busco.

Aprendi que a paz interior é fruto de uma busca incessante, diária e com muita atenção e vigilância, até porque não sou nenhum mestre budista e sei que o trabalho é árduo.
E aí, Angel surgiu no meu caminho...

Não há perfeição no nosso relacionamento. Há busca. Há sonhos, respeito e, principalmente, aprendizado.

Minha filha um dia desses comentou: “O teu relacionamento não é normal, afinal teu namorado tem a nossa idade...” Então, considerando essa questão, realmente é um relacionamento anormal. E que seja...

É muito interessante ver as diferentes manifestações das pessoas quando passamos. Algumas debocham, outras fazem um olhar de reprovação, outras dão um sorriso de aprovação e muitas gostariam de estar nos nossos lugares...

Esses dias eu lia em um artigo escrito por um psicanalista, que algumas pessoas da família ansiosamente quiseram me mostrar, sobre a diferença de idade nos relacionamentos. Ele fez algumas reflexões interessantes, tanto na linha da psicanálise, transitando pela inveja disfarçada nos preconceitos, dando exemplo de casais fora dos padrões em relação às idades e, fez duas colocações que me fizeram pensar.

A primeira diz respeito a uma pergunta de Confúcio (551-479 a.C):”Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos tem?” Quero dizer que me fiz essa pergunta...

E a segunda colocação trata de uma pergunta proposta pelo autor do artigo, o psicanalista Paulo Sternick: “A propósito, quanto tempo ficam juntos os jovens casais de hoje, mesmo?”

Para pensar...

Um comentário:

  1. Belo artigo. Te pergunto: "o que é um relacionamento normal?"
    Velho com corpo de jovem sarado e cabeça vazia? mentalidade de adolescente e irresponsável?
    Ou jovem responsável com maturidade adulta o suficiente para assumir um compromisso com uma mulher madura, aceitando os desafios da vida a dois? O que une é a cumplicidade, respeito e amor.
    Ambos estão aceitando um desafio de um relacionamento como qualquer casal que inicia uma NOVA VIDA.

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