quarta-feira, 30 de março de 2011

EU TE AMO... NÃO DIZ TUDO!

Você sabe que é amado(a) porque lhe disseram isso?

A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e palavras.

Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida,

Que zela pela sua felicidade,
Que se preocupa quando as coisas não estão dando certo,

Que se coloca a postos para ouvir suas dúvidas,
E que dá uma sacudida em você quando for preciso.

Ser amado é ver que ele(a) lembra de coisas que você contou dois anos atrás,

É ver como ele(a) fica triste quando você está triste,
E como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d'água.

Sente-se amado aquele que não vê transformada a mágoa em munição na hora da discussão.

Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente inteiro.
Aquele que sabe que tudo pode ser dito e compreendido.

Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é,
Sem inventar um personagem para a relação,
Pois personagem nenhum se sustenta muito tempo.

Sente-se amado quem não ofega, mas suspira;
Quem não levanta a voz, mas fala;
Quem não concorda, mas escuta.

Agora, sente-se e escute: Eu te amo não diz tudo!
Arnaldo Jabor

terça-feira, 29 de março de 2011

A primeira, primeira vez

É inevitável fazer o link com o passado... A “primeira, primeira vez”.
Adolescência, muita expectativa, fantasia, amor e .... decepção...
Nada de novo, pois a decepção da primeira vez faz parte da história de muitas mulheres.
Lembro que antes do “acontecido”, tentei conversar com o então namorado (depois marido e hoje ex) e lembro que a conversa não teve sentido para ele.
Falava eu da minha insegurança, do quanto achava que seria uma pessoa diferente depois disso. Algumas angústias que faziam parte da minha fantasia de adolescente. Eu acreditava que depois de transar com o namorado, o destino estava selado: Transa=Casamento.
 E assim fiquei pensando durante os três anos e meio de namoro. Mas o pior, era quando havia algumas brigas... Eu entrava em pânico, pois como eu iria ter outro namorado? Ninguém iria querer namorar sério uma menina que não era mais virgem!
Lembro de uma amiga muito querida, que na época me dizia: “Menina, não está escrito na sua testa!”, mas não adiantava, eu me sentia com um enorme carimbo fosforescente na minha testa: NÃO VIRGEM
Eu precisava a todo custo fazer o namoro dar certo. A todo custo mesmo, nem que pra isso eu tivesse que sofrer, me anular e me entristecer. Mas eu o amei muito, ainda bem, pois senão seria realmente impossível ter seguido adiante. E as minhas angústias não tiveram para ele, o significado que tinham para mim.
 Não o culpo.
Acredito que os homens não são preparados, por nós mulheres, para entenderem as mulheres. E quando escrevo isso, faço uma meia culpa, pois sou mãe de um rapaz e não sei o quanto o preparei para entender a sensibilidade, a fragilidade e a grandeza de uma mulher.
Mas também me pergunto se eles precisam entender dos nossos segredos... Pois afinal de contas, os nossos segredos são as fortalezas que nos mantém fortes diante dos nossos desafios.
No entanto, a falta de amor próprio em tantos momentos da nossa vida, se transforma numa teimosa mania de querer amar o outro incondicionalmente.
E aí perdemos a sabedoria de lembrar que sem nos amarmos não poderemos dar amor.
No livro: Mulheres que correm com os lobos, há um trecho que diz mais ou menos assim: “Uma mulher saudável assemelha-se muito a um lobo; robusta, plena, com grande força vital, que dá a vida, que tem consciência do seu território, engenhosa, leal, que gosta de perambular. Entretanto, a separação da natureza selvagem faz com que a personalidade da mulher se torne mesquinha, parca, fantasmagórica, espectral. Não fomos feitas para ser franzinas, de cabelos frágeis, incapazes de saltar, de perseguir, de parir, de criar uma vida. Quando as vidas das mulheres estão em estase,
tédio, já está na hora de a mulher selvática aflorar. Chegou a hora de a função criadora da psique fertilizar a aridez.”
Que possamos fertilizar a nossa vida!

segunda-feira, 28 de março de 2011

O inesperado

Para desafiar a minha rigidez, vou transitar entre o ontem e o agora, para tentar dar um significado à mulher que sou hoje.
Depois da minha separação, um dia me vi numa grande livraria, na prateleira dos livros de auto-ajuda com dois livros embaixo do braço: um deles é a continuação do livro da Elizabeth Gilbert:  Comprometida – Uma história de amor.
Aliás, aqui cabe uma parada. O filme Comer, rezar e amar surgiu na minha vida quando eu estava no olho do furacão. Na primeira vez que assisti ao filme, por razões que até hoje não estão muito claras para mim, toda a antiga família foi assistir, inclusive o ex. Chegamos atrasados, ficamos quase colados na tela... fora o clima estranho que pairava no ar.
Na segunda vez que fui assistir, fato que se deu na semana seguinte, foi sozinha. Aí ele calou nas profundezas do meu ser... e de outro milhão de mulheres ao redor do mundo que estavam vivenciando a mesma situação: uma separação em que a mulher foi a porta voz da decisão, embora ele já não quisesse mais.
Ai, a gente grava o clipezinho da música do filme, leva para o carro para ouvir durante o trajeto para o trabalho, ouve em cima da esteira... aquelas maluquices que todas nós fazemos.
Better Days, de Eddie Vedder é importante na minha vida. Até porque me imagino em um barco, apesar de não gostar de estar dentro de nada que flutue, pois eu sempre acho que vai afundar, com um homem maravilhoso, querendo muito me amar... Minha terapeuta diz que isso é saudável. Ainda bem...
O segundo livro foi um livro que quase se atirou em mim: Divorcio para elas. É um livro simples, sem maiores aprofundamentos, mas que mostra que todas nós passamos por fases parecidas antes, durante e depois da separação, guardando as particularidades dos detalhes.
No final do livro, tem uma passagem que fala mais ou menos assim: “... em geral, os primeiros contatos íntimos com o sexo oposto depois de um divórcio funcionam como uma espécie de “ponte”, uma transição que você precisa percorrer, tateando os passos de uma nova realidade. É quase como uma “segunda primeira vez”.
Pois é: assim se deu a primeira segunda vez...
De forma totalmente inesperada, com alguém que em nenhum momento estaria numa possível lista de possibilidades, em que eu não imaginava dizer sim para uma situação completamente imprevisível e, num momento em que a águia ainda não havia feito nenhum voo para testar as forças das suas novas asas.

Os primeiros voos

Há muito tempo tenho pensado em escrever sobre sentimentos, os meus, aqueles que talvez eu entenda dos outros, sobre momentos da minha história, mas principalmente sobre as descobertas que me impulsionaram para frente.
Algumas delas foram literalmente um empurrão, outras foram mais suaves e têm tantas outras que eu ainda vou fazer.
Quando se tem 16 anos, se é uma adolescente sonhadora, com pilhas de problemas familiares e louca de vontade de se entregar para a vida, se descobre muita coisa. Mas há 32 anos as minhas descobertas não foram tão avassaladoras como seriam nos dias de hoje em que os jovens se lançam em aventuras pelo simples prazer do momento.
Eu não pensava no momento, mas sim no futuro aliás, essa é uma das minhas dificuldades que eu trato na terapia: pensar demais no futuro. Eu tinha que ser responsável... Filha mais velha, irmãos que viam em mim uma referência e por aí vai...
Eu era uma águia adolescente....
E foi nesse momento em que eu encontrei aquele que eu pensava que seria o meu amor para toda a vida. E foi por mais de 20 anos, para ser exata, por 27 anos, apesar de que no final, estava mais para a assombração da minha vida.
Preciso dar um toque engraçado em algumas situações, uma porque muitas delas foram mesmo e outra porque rir com bom humor, nos faz sentir mais leves.
Interessante como a medida que vou escrevendo, vou lembrando dos sentimentos daqueles momentos e me emociono... e entendo a importância de escrever. Preciso fazer uma limpeza interna, arrancar meu bico, cortar minhas unhas, limpar as minhas penas, para sair da caverna em que estive reclusa por tantos anos e alçar longos e altos vôos, até o momento em que as energias do meu corpo se forem.