quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Fragilidades

           Eu tenho um defeito entre tantos que possuo, quando estou doente tenho uma grande vontade de me sentar e começar a chorar (ou em pé mesmo). Isso acontece desde criança, parece que sou tomada por uma fragilidade incontrolável e todas as minhas emoções represadas vem como um tsunami varrendo toda a fortaleza que eu procuro ser.
Pois eis que há três dias estou com uma gripe gigante que ontem piorou terrivelmente, que nem os antitérmicos estavam fazendo efeito. Tenho pilhas de trabalho para fazer, minha chefe embora tenha uma fala super, ultra, mega compreensiva, a sua energia me diz justamente o contrário: ela fica muito incomodada quando a gente tem que se afastar do trabalho. Quanto a isso, não posso fazer nada...
Minha filha me buscou no trabalho ontem e quando eu entrei no carro disse que estava pior da gripe e que nesses momentos eu tenho vontade de chorar. Para minha surpresa, ela me disse: nem me fala em chorar... E desabou a lacrimejar.
É claro que no mesmo instante recolhi o meu choro, pois a minha filha estava precisando mais do que eu desabafar (será?). Falou das loucuras do pai, do quanto ele a magoou durante a tarde, já que ele estava com ela para fazer os últimos documentos para que ela possa embarcar no cruzeiro que vai trabalhar, daqui a cinco dias.
Entre febril, entupida tentei consolar minha filha, lembrando que o pai é uma pessoa atrapalhada, egoísta, que só pensa nele, mentiroso, manipulador e LOUCO!!! Não, eu não falei nada disso, fiquei no atrapalhado...
Chegamos em casa, ela mais calma, eu com mais febre e entupida...
A noite foi de cão. Febre e tosse. Mas antes de dormir, Blue Eyes falou comigo, pelo MSN sendo até atencioso, mas é evidente que o meu entupimento febril se transformou numa rinitisinha quando contei para ele, o que até comentou que tinha a ver com o estresse.
Acordei e fui direto para o trabalho consultar com a médica. Receitou-me um saco de remédios e me disse que a febre tem que passar em três dias, no máximo. Espero que passe...
Fui à farmácia comprar o “kit peste”, ainda tossindo e entupida... Quando a atendente, uma senhora muito esforçada, olha para mim ao preencher a requisição do antibiótico e me pergunta: Sexo? Pensei: que merda, estou tão acabada que ela não está conseguindo identificar que sou do sexo feminino.
Ficamos nos olhando alguns segundos, ela esperando a minha resposta e eu pensando em dizer: cortei o pênis ontem, por isso essa minha cara de sofrimento... Só pensei, não disse, sou comportada e compreensiva.
Mas quando cheguei em casa, desabei, chorei tanto que além do nariz entupido, fiquei com o ouvido, os olhos e acho que os demais buracos do corpo.
E rezei. Desesperadamente pedindo perdão sei lá eu do que e perguntando a Deus ou aos espíritos que tivesse ali por perto, por que eu tenho que ser forte, porque não posso mostrar a minha fragilidade, porque não encontro alguém que me carregue no colo pelo que eu sou e não por aquilo que devo parecer? Por quê?
Dei-me conta que estou cansada e Blue Eyes tinha razão: acho que estou sobrecarregada...
Minha filha vai viajar, preciso estar a postos com orações e energias para tudo dar certo, preciso pagar as contas, lembrar de afastar as energias negativas que o ex anda mandando, cuidar, mesmo que de longe, do meu filho, mas preciso cuidar de mim.
Preciso cuidar de mim...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Olhos: janelas da alma

Uma mistura de sentimentos... Praticamente uma salada de frutas...
Não é uma salada de frutas, pois salada de frutas eu adoro e esse turbilhão me incomoda e me assusta um pouco.
A intuição fica borrada pela razão, que por sua vez se atrapalha com o coração, as emoções e sentimentos. O que fazer?
Tenho feito algumas descobertas importantes sobre mim, uma delas é que eu jamais vou viver sem amar alguém....
É muito bom curtir, querer, beijar, sonhar, abraçar, apertar, sorrir, debochar, fazer amor...
Quando me separei, fiz um tipo mulher forte (não que eu não seja), eu me basto.
Quanta bobagem! É claro que eu não me basto! E eu sabia que quando alguém mexesse com o meu coração seria assim. E é claro também, que por razões que talvez quando eu estiver do outro lado da vida eu entenda a pessoa que mexeu comigo é alguém complicado... Nem sei se poderemos um dia falar de sentimentos.
Mas essa sou eu. Alguém que insiste em ver além dos olhos do corpo quer ver os olhos da alma, e quando a gente vê a alma, a maioria das percepções se tornam sem importância. De quais percepções eu estou falando? Daquelas que tem a ver com o modo como a pessoa se veste os defeitos que você jura que poderá conviver, mesmo que à distância, o discurso que quase como uma armadura, protege as fragilidades e os medos.
Você olha nos olhos, no fundo deles e lá você enxerga o que nem a pessoa se dá conta que existe dentro dela, você vê uma vontade enclausurada no medo de se entregar...
Eu não precisava ter visto nada disso... Bastava-me ter visto o que estava visível... Mas sou uma ariana corajosa, que ousou olhar a alma do outro...
           E aí... Bem aí um estado de apaixonamento me invadiu o espírito. E a cada encontro, um pouco da alma se revela, timidamente, com medo de se machucar.
Tenho um amigo (aquele que me tira das nuvens e me traz para o mundo real) que me disse: Deleta o cara da tua vida!
Pois é, excluir da lista do MSN é a parte mais fácil, o problema é esquecer o olhar, o abraço, o cheiro, o som da voz ao dizer “maneiro”, o olhar bricalhão quando eu conjugo os verbos errado, o carinho...
Se eu estivesse vivendo essa história há 30 anos atrás, na mesma época em que eu conheci meu ex marido, talvez eu fechasse os olhos, da mesma forma que fiz lá atrás, e buscasse de todas as formas, amar esse ser que lá no fundo, mas bem no fundo, tem uma meiguice especial e apaixonante.
E foi isso que eu fiz durante trinta anos, amei o lado especial do meu ex, até o momento que o seu lado ruim começou a me fazer murchar, enfraquecer e desfalecer...
Hoje, por me amar mais do que aos outros, não tenho o direito de permitir que o lado obscuro de alguém sequer arranhe a minha esperança e o meu desejo de amar. Eu acredito em algo muito maior, que talvez eu possa sintetizar com a palavra LUZ.
A luz que ilumina a escuridão quando estamos com medo, a luz que cura as feridas da alma, a luz que nos guia através de caminhos tortuosos, a luz que aquece o coração, a luz abençoada do AMOR.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Migalhas

A águia voou durante toda a semana, entre o trabalho, as preocupações da casa, contas a pagar e, é claro, a ansiedade de ver Blue Eyes.
Foi uma longa semana, com várias entradas no MSN a espera de um contato, algo que sinalizasse o desejo, a saudade, o querer rever...
Havia a orientação da minha terapeuta sobre o convite. O convite poderia me salvar, mas só se eu tivesse coragem para fazê-lo e isso, eu não tinha certeza.
E a sexta-feira chegou. Filhos se organizando para sair, pedidos de carona e eu no MSN. Iniciei o contato. A conversa, mesmo sem delongas foi se estabelecendo. Até que eu tive coragem para perguntar: Vamos fazer alguma coisa hoje?
Fechei os dois olhos (o raio da baixa auto-estima, eu não precisava me sentir assim, afinal sei que sou uma pessoa especial... Será?). Fui abrindo um olho de cada vez, bem devagar com medo de enxergar a resposta.
“Vamos tomar um vinho aqui em casa?”
E aí faltou luz! Sim faltou luz, a internet caiu e eu não consegui responder!!! Meus filhos começaram a achar engraçado a minha agitação, pois perceberam que eu estava combinando alguma coisa no MSN. E tudo aconteceu, quando a luz voltou, principalmente que eu não conseguia me conectar.
Após momentos de intenso suspense e exaltação aos céus e aos anjos responsáveis pelas conexões computadorizadas ( se é que eles existem nessa categoria) consegui dizer que iria, mas que antes precisava deixar minha filha na sua festa. É claro que a minha filha se atrasou e, em vez de eu chegar à casa dele às 22h30, cheguei às 23h35, mas cheguei.
É incrível o que a expectativa faz com a gente. Olhando Blue Eyes falar, consegui dizer para ele que gosto de ouvi-lo (ainda bem, pois ele não me dá muito espaço para falar), comecei a pensar que talvez esteja buscando uma maneira de sofrer, que estou começando a pisar em um terreno perigoso.
Ele é um carioca que não gosta das terras gaúchas, está aqui obrigado por uma transferência involuntária e não vê a hora de voltar.
Enquanto ele discursava, eu pensava: onde eu me encaixo nesta história?
Em lugar nenhum, eu me respondi. Isto me fez ver as coisas de outro jeito, um jeito mais racional. Ah! A razão... Não sei se me protege ou me aprisiona.
E ainda por cima ele não acredita em Deus. Como assim???
Como eu o percebo? Um homem que se protege atrás de um discurso, um homem machucado por razões que eu desconheço e que neste momento, quero me proteger dele, pois se eu realmente me apaixonar posso ter grande chance de me machucar. E isso, vamos combinar, é um perigo.
Essa é a minha fugaz história com Blue Eyes...
Ontem, passando os canais da TV a cabo, passei pelo filme Comer, rezar e amar.  E é claro, na parte em que o amado da Liz, fala do amor, da coragem, do quanto ele quer ficar com ela, do quanto ela é importante para ele. Naquele momento eu pensei: acho que mereço alguém que lute por mim.
Quando eu tiver certeza disso, sei que não vou mais aceitar migalhas de homem nenhum.
Que a águia que habita em mim se fortaleça!!!!