segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Migalhas

A águia voou durante toda a semana, entre o trabalho, as preocupações da casa, contas a pagar e, é claro, a ansiedade de ver Blue Eyes.
Foi uma longa semana, com várias entradas no MSN a espera de um contato, algo que sinalizasse o desejo, a saudade, o querer rever...
Havia a orientação da minha terapeuta sobre o convite. O convite poderia me salvar, mas só se eu tivesse coragem para fazê-lo e isso, eu não tinha certeza.
E a sexta-feira chegou. Filhos se organizando para sair, pedidos de carona e eu no MSN. Iniciei o contato. A conversa, mesmo sem delongas foi se estabelecendo. Até que eu tive coragem para perguntar: Vamos fazer alguma coisa hoje?
Fechei os dois olhos (o raio da baixa auto-estima, eu não precisava me sentir assim, afinal sei que sou uma pessoa especial... Será?). Fui abrindo um olho de cada vez, bem devagar com medo de enxergar a resposta.
“Vamos tomar um vinho aqui em casa?”
E aí faltou luz! Sim faltou luz, a internet caiu e eu não consegui responder!!! Meus filhos começaram a achar engraçado a minha agitação, pois perceberam que eu estava combinando alguma coisa no MSN. E tudo aconteceu, quando a luz voltou, principalmente que eu não conseguia me conectar.
Após momentos de intenso suspense e exaltação aos céus e aos anjos responsáveis pelas conexões computadorizadas ( se é que eles existem nessa categoria) consegui dizer que iria, mas que antes precisava deixar minha filha na sua festa. É claro que a minha filha se atrasou e, em vez de eu chegar à casa dele às 22h30, cheguei às 23h35, mas cheguei.
É incrível o que a expectativa faz com a gente. Olhando Blue Eyes falar, consegui dizer para ele que gosto de ouvi-lo (ainda bem, pois ele não me dá muito espaço para falar), comecei a pensar que talvez esteja buscando uma maneira de sofrer, que estou começando a pisar em um terreno perigoso.
Ele é um carioca que não gosta das terras gaúchas, está aqui obrigado por uma transferência involuntária e não vê a hora de voltar.
Enquanto ele discursava, eu pensava: onde eu me encaixo nesta história?
Em lugar nenhum, eu me respondi. Isto me fez ver as coisas de outro jeito, um jeito mais racional. Ah! A razão... Não sei se me protege ou me aprisiona.
E ainda por cima ele não acredita em Deus. Como assim???
Como eu o percebo? Um homem que se protege atrás de um discurso, um homem machucado por razões que eu desconheço e que neste momento, quero me proteger dele, pois se eu realmente me apaixonar posso ter grande chance de me machucar. E isso, vamos combinar, é um perigo.
Essa é a minha fugaz história com Blue Eyes...
Ontem, passando os canais da TV a cabo, passei pelo filme Comer, rezar e amar.  E é claro, na parte em que o amado da Liz, fala do amor, da coragem, do quanto ele quer ficar com ela, do quanto ela é importante para ele. Naquele momento eu pensei: acho que mereço alguém que lute por mim.
Quando eu tiver certeza disso, sei que não vou mais aceitar migalhas de homem nenhum.
Que a águia que habita em mim se fortaleça!!!!

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