domingo, 13 de novembro de 2011

O porto seguro

Decidi que não vou mais fazer críticas em relação às mulheres que escolhem continuar casadas, mesmo sendo um casamento falido, triste, sem vida ou alienante.
Escolher sair de uma situação dessas requer uma boa dose de coragem antes, durante e, principalmente depois. Ainda mais quando se tratam de casamentos longos, que foi o caso do meu.
Quando amamos, estamos certas de que vale a pena investir, independente do sofrimento que temos, porém hoje me pergunto se deve realmente ser assim, já que esse processo levou mais ou menos uns dez anos.
Será se o que chamamos de amor não é um sentimento de amizade, parceria, mágoas, teimosia, proteção, comodidade, e outras possibilidades que não me ocorrem neste momento?
Amor é um sentimento mais complexo e profundo... Tem a ver com a gente abrir não de certos defeitos, mas sem sofrer. O que me ocorre, é principalmente o fato da gente além de querer estar bem e feliz, desejar que o outro também esteja bem e feliz.
Quando nos separamos é mais ou menos como se pegássemos o carro e fossemos por uma estrada onde não sabemos as curvas, os atalhos, se o asfalto está bom e, principalmente, aonde chegaremos. Sem falar no fato de que existe uma grande preocupação se o carro não vai nos deixar na mão. Tudo é incerto... Pelo menos assim tem sido comigo.
Sinto-me desprotegida, diante de uma imensidão de possibilidades que chegam a me amedrontar. Desafios financeiros, com o trabalho, com os filhos, escolhas afetivas e, estar só, nos momentos que eu gostaria de poder contar com alguém, nem que fosse só para me ouvir.
Precisamos estar preparadas para as incertezas, já que não teremos quem critique ou limite as nossas escolhas, o que por um lado é maravilhoso, mas por outro, nos fará assumir os riscos e conseqüências das nossas opções. Podemos chegar em casa e não ter que, mesmo cansada ou irritada, dar atenção e ouvir as histórias do dia dele, mas também não teremos com quem compartilhar o nosso dia. E mesmo que ele não esteja muito a fim de escutar sobre o nosso dia, sabemos que está ali.
Blue Eyes, num momento “sentimento”, disse que eu precisava de alguém para me proteger, já que ele percebia que eu era uma mulher inexperiente.
Não sei se preciso de alguém para me proteger, mas acredito que quero alguém que invista afetivamente em mim e que, de preferência, não tenha um perfil egocêntrico.
Estar em uma relação estável nos dá a sensação de segurança, de que estamos em um caminho conhecido, ou pelo menos, com um traçado familiar.
Um casamento é um porto seguro, mesmo que seja infeliz, esteja em ruínas e nenhum navio possa mais atracar, ainda assim é um porto seguro.
Eu preferi abandonar o porto seguro e como uma criança cheia de expectativas, via mil possibilidades, o desconhecido naquele momento era sinônimo de esperança...
Em um ano, muita coisa mudou externa e internamente. Vivi situações que jamais pensei que viveria, a minha esperança hoje é uma esperança um pouco mais madura, não mais uma esperança mágica, mas confesso que ainda me sinto como se tivesse sido deixada no meio de um turbilhão e que preciso encontrar uma saída em busca do equilíbrio.
E como a metáfora da águia sempre acompanha os meus novos momentos, poderia dizer que é como se a águia fosse deixada num lugar desconhecido, solitária, distante do seu habitat.
E ali ela ficou... Observando e traçando estratégias para não ser devorada pelos seus predadores. Então ela se deu conta que podia voar, e voando podia encontrar o caminho para reconstruir a sua nova vida...


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