Quando resolvi escrever sobre
esse momento da minha vida, decidi ser sincera ou pelo menos procurar
identificar a maioria das emoções que permeiam as minhas escolhas e ações. Sei
que têm algumas que, possivelmente, vão passar batido, pois o nosso inconsciente,
em alguns momentos, nos prega algumas peças.
Tem algo que anda rondando o
meu pensamento e, para passar para a fase seguinte, preciso finalizar
internamente a fase anterior. Não quero deixar pendências além daquelas que não
posso resolver...
Ao longo dos meus escritos,
passei de uma situação para outra, mas deixei em aberto a despedida de Blue
Eyes, talvez porque ela não tenha acontecido.
Essa situação, teima em
transitar pela mente e no meu coração em vários momentos, a ponto de me deixar
confusa e, para piorar as coisas, parece que acabo frequentando sem querer
lugares que passei com ele.
E como escrever é uma maneira
que utilizo para elaborar situações e sentimentos, precisei voltar ao que
aconteceu entre nós.
Não sei se pelo respeito que
tenho por Angel ou pelo medo dar dor da despedida, não aceitei sair com Blue
Eyes quando ele me convidou, dizendo que iria embora dois dias depois.
Percebia que ele jogava
migalhas que se traduziam em convites que vinham a cada quinze dias e eu, numa
ansiedade imensa, ficava esperando os ditos convites.
Após um momento de decepção, do
que acabou sendo o último encontro, saí com uma amiga e conheci Angel. E fiquei
com ele. E ele tocou o meu coração. E eu não consegui esquecer Blue Eyes...
O banco na Redenção embaixo de
uma árvore, em que ele sentava para admirar o parque, o restaurante em que
comemos sushi, o edifício em que ele morava, o verdinho do MSN quando ele está
online...
Ficou algo inacabado... Ou
talvez algo que nunca tenha iniciado...
Não é saudade, mas talvez
nostalgia. O som da sua voz ao telefone, pedindo para sair comigo, pois iria
voltar para o Rio, ainda ecoa na minha mente. Eu disse não.
Optei por não olhar para trás,
mas estou carregando a bagagem do que se foi. Frases não ditas, sentimentos não
demonstrados, medo de se expor...
À medida que escrevo, vou
entendendo que ele me faria andar em uma gangorra afetiva que me faria sofrer
demais e, a águia já passou pela dor da transformação, não quer mais migalhas
afetivas.
Basta agora, ir cortando os
fios invisíveis de uma história breve, de sentimentos contidos e esperanças
perdidas.
Blue Eyes, seja feliz! Quero te
agradecer por me ensinar, mesmo sem querer, a diferença entre um homem de
coragem e um homem que carrega em seu coração o medo de amar...
“É
preciso amar para não adoecer.” Freud
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