sábado, 16 de julho de 2011

Estar só

Um dia desses, depois de um dia de trabalho em que vários problemas resolvem acontecer ao mesmo tempo, fui correndo para casa como se eu quisesse me esconder.
Na minha profissão, problemas nas relações interpessoais são as minhas ferramentas de trabalho, por isso é necessário desenvolver algumas habilidades que vão desde o equilíbrio no momento da escuta, a perspicácia para se dar conta das sutilezas das histórias apresentadas, até (essa eu considero mais difícil) um grande amor pelo ser humano a ponto de ajudá-lo a se dar conta de algumas dificuldades nas relações com o outro. Não é que amar o outro fraternalmente seja algo difícil, mas o desafiador é a linha tênue entre o afeto e a razão. E esse sentimento pode ser o carinho ou a raiva, quando, por exemplo, alguém ameaça te processar por você dar o limite numa situação de desrespeito às normas de convivência.
Nesse dia eu estava especialmente fragilizada, já que precisei reunir forças para dar conta de várias situações difíceis.
Quando cheguei em casa vivi um momento especialmente mais difícil. Meus filhos não estavam (foi até melhor) sentei-me na beira a minha cama e ali fiquei, vestida e de crachá dependurado no pescoço, por um tempo que não sei precisar exatamente quanto foi. Lembro do meu cachorro, um pequeno yorkshire, pulando nervosamente na minha frente, tentando me dizer: não fica assim... Reaja!
Mas foi difícil... Tomada por uma solidão dolorosa, sentindo um vazio de amor no meu coração, querendo o calor de um abraço, alguém que além de escutar, pudesse entender o quando foi difícil aquele dia, e pudesse me dizer o quando me admira por eu ser corajosa e competente em administrar essas situações. Percebi que tenho medo de não conseguir me apaixonar novamente e comecei a pensar, e não poderia ser diferente, se terminar um casamento de tanto tempo foi a melhor decisão.
Lembrei do dia do casamento, de tantos episódios que vivemos como família e... do quanto eu também estava só... Do vazio interior que aquela relação me causava e do quanto eu sofri para manter o meu casamento. Fiquei aliviada por um lado, mas continuei triste por outro.
Percebi que estou ferida e que a minha ferida ainda não está cicatrizada, mas mesmo ferida quero amar. Antes eu achava que era preciso esperar um tempo, mas hoje percebo que o tempo é um tempo maior, que não pode ser mensurado em muito ou pouco, pois não sei o quanto ele dura, não pode ser medido em minutos, horas, dias ou meses, pois esse tempo vai durar até que, por alguma força que rege o universo, duas almas se cruzarem, se encontrarem, se olharem, se escutarem, se beijarem, se abraçarem e descobrirem que se amam...
Esse tempo a gente não controla, pode ser hoje ou daqui a dez anos...
E quero acima de tudo, que o meu coração esteja aberto, harmonizado e amadurecido para perceber quando chegar a hora, e que eu não perca a capacidade de sorrir, de me divertir, de ser bem humorada e de bem com a vida, enquanto a hora não chega.
Que a águia não esqueça que voar está na sua natureza, o tempo de estar reclusa na caverna já passou...

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